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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Todo conhecimento é incompleto

 

 
Nas sociedades contemporâneas todas as formas de conhecimento, seja de âmbito educacional, científico ou espiritual, são transmitidas por determinados especialistas. Geralmente, especialistas são aqueles que estudam e têm domínio sobre um assunto ou área específica e têm um papel de colaborar com estudos e difundir seus conhecimentos, tais como um professor, um cientista, um curandeiro, um filósofo, um teólogo, etc. A questão que quero apresentar aqui é: você acredita em tudo o que estes especialistas dizem? Quero te convidar a refletir comigo e que tire suas próprias conclusões.
Observe quantos especialistas ou supostos especialistas aparecem por todos os lados lhe ensinando algo. Seja pelos meios de comunicação, seja na sua instituição religiosa ou até mesmo dentro da sua casa. Em todos os lugares.

O tempo todo você é bombardeado de informações que dizem como você deve criar seus filhos, fazer sexo, buscar a felicidade, se vestir e se comportar diante de alguma situação, como se alimentar, ficar saudável, o que é certo ou errado, o que é ético e o que é moral, e por aí vai… Pense na quantidade de coisas que você julga antes de aceitar “cegamente” ou até mesmo o que você ensina aos seus próprios filhos. Nos tempos de hoje temos cada vez menos tempo para nós mesmos e isso é um grande agravante, que nos torna ainda mais vulneráveis a seguir idéias que muitas vezes ferem contraditoriamente os princípios que julgamos muito importantes.

Pare para pensar sobre isso! Das coisas que aprendemos a cada dia, o que questionamos e o que aceitamos incondicionalmente sem pensar? Observe apenas por um dia e isso talvez seja o suficiente. Fique bem atento e seja sincero consigo mesmo.

Observar é um passo muito importante para nossa própria evolução quanto humanos e é algo que nem todos fazem, deixando tudo a mercê dos tais especialistas. Tomamos por verdade aquilo que está mais fácil de entrar em nosso coração, devido a nossas crenças, nossa criação, educação, carências, etc. Então, para pensarmos por nós mesmos, devemos parar e observar, deixando de lado (mesmo que momentaneamente), nossos preconceitos, nossas convicções, nossos juízos. É importante nos colocar em uma posição de quem observa algo de fora, evitando colocar o coração na frente da razão. Pois, se você estiver convencido profundamente sobre o assunto, sua observação será de acordo com sua convicção e isso não é pensar por si só. O cérebro pode então, se livrar para observar racionalmente. Observar atentamente sem o entorno dos conceitos já estabelecidos nele. Desta forma, o cérebro estará livre para atuar como um todo, conscientemente.

Tomemos como exemplo: Os religiosos definem a maior parte dos julgamentos sobre as coisas de acordo como são instruídos pelas suas instituições religiosas. Se você é alguém que crê em Deus, acreditando firmemente no que dizem as escrituras sagradas, você duvidaria, questionaria, investigaria a veracidade das escrituras ou até mesmo questionaria a existência de Deus? Questionaria seus mestres? Ou sentiria tanto medo que nem iria querer pensar nisso? Portanto, é muito importante nos sentir livres para observar e investigar. E porque não sermos livres?

Como disse o educador Jiddu Krishnamurti “Todo o conhecimento é limitado. Nenhum cientista pode dizer “meu conhecimento é completo”. E sendo incompleto o conhecimento, o pensamento é incompleto. Porque o pensamento nasce do conhecimento como memória, e o pensamento é limitado. Sem memória não há pensamento. Sem conhecimento, não há existência como pensamento.”
A grande questão é que todo o conhecimento é incompleto, mas contraditoriamente o mundo está repleto de idéias que se passam por verdades únicas e indiscutíveis, e cada indivíduo toma por verdade aquilo que melhor lhe favorece. A verdade para o cristão é a Bíblia, para o judeu, o Torah. Para o cientista a verdade é a ciência e para a criança é o que lhe dizem os pais. Sendo assim, quando questionamos somente a verdade dos outros, mas não aceitamos que podemos estar enganados, surge o conflito e este conflito não acontece somente entre pessoas que crêem em coisas diferentes, mas acontece também interiormente. Um sujeito em conflito consigo mesmo, pode estar sujeito a problemas de saúde física, mental e até espiritual como diriam alguns, além de problemas de relacionamento, tornando ainda mais difícil o convívio harmonioso em sociedade.

A propaganda (idéia que deve ser propagada) está aí em todos os lugares, (na mídia, nas escolas, nas instituições religiosas, etc.) fazendo com que as pessoas tenham desejos supérfluos, criando novas necessidades momentâneas em prol do lucro de alguém, e nos induzindo a agir de modo irracional e muitas vezes de forma preconceituosa.

É muito válido lembrar que o tipo de propaganda que temos hoje nos meios de comunicação, surgiu do nazismo, onde foram fabricados muitos filmes e panfletos que serviam unicamente para depreciar os judeus e glorificar o nazismo. E isso causou um grande efeito no mundo. A propaganda atual (seja de uma marca de refrigerantes ou de alguma instituição qualquer) utiliza as mesmas receitas do velho Hitler e comprovadamente esse tipo de coisa induz as pessoas a terem desejos que não tinham antes e até mesmo a pensarem de determinados modos.

Por outro lado, é muito raro que alguém se preocupe em oferecer informações que nos possibilitem melhorar nosso senso crítico, sermos menos programados e assim, vivermos em melhor harmonia com o mundo. Enquanto isso não acontece, podemos tentar por nós mesmos ser mais observadores e investigadores, sendo minimamente céticos sobre as coisas que chegam até nós como verdades absolutas, para que não sejamos manipulados sobre qualquer tipo de assunto, mesmo aqueles assuntos que “não se discutem” como política e religião.



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